sábado, 4 de outubro de 2008

Particularidades de Uma Vida Literária

A biblioteca descansava silenciosa na esquina agitada de uma cidade sul-americana. Seu exterior, já desfigurado devido ao tempo, colocava a mostra algumas marcas do vandalismo urbano, e parecia querer convidar a população a dar uma olhada nos seus milhares de livros centenários. As janelas de vidro fosco estavam bem cuidadas, inclusive pareciam ter sido trocadas recentemente. Algumas delas mostravam figuras embaraçadas de prateleiras antigas e monótonas, que tinham um gosto único e peculiar pela literatura. Uma bela rampa em forma de V levava os visitantes ao portão de entrada, que nos convidava a dar uma espiada nos três andares repletos de cultura.

Seu interior era tão desfragmentado, fisicamente, quanto seu exterior, mas algo muito bem conservado parecia estar guardado em cada livro de cada estante daquela enorme construção. Eles estavam à esquerda, à direita, em frente, à cima. Vários tipos de salas estavam espalhados pelo cômodo, e por mais que a aparência de todas ali fosse muito parecida, elas eram diferentes nos detalhes mais mínimos e necessários possíveis. Colunas de níquel avermelhadas margeavam e dividiam cada prateleira de seu assunto. Uma escada metálica nos conduzia a um andar dedicado à leitura e ao silêncio, quebrado apenas pelo folhear de páginas e pelo ranger de passos no piso revestido em madeira.

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