terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ela queria poder andar no tempo e prestigiar cada segundo como deveria. Ela chorou, ela gritou e riu desnecessariamente, na hora errada e no lugar errado. Queria ela ter corrigido tudo que fez, no momento certo, no local certo. Mas não. Ela desisitiu de voltar atras quando teve chance, ou de parar quando deveria. Ela parou na metade do caminho e construiu atalhos para chegar rapidamente à uma saida, quebrando regras inquebraveis de um jogo teoricamente facil de se burlar e de consequencias imprevisivelmente perigosas.

Ela correu, andou e se deitou. Sentiu de olhos fechados o céu a sua volta, olhou o mar apenas abrindo um sorriso. Voou na correntesa aérea, viajou na calda de cometas e conheceu o inimaginável. Ela parou, respirou, caminhou novamente e desistiu. Desistiu de desistir. Andou segurando suas sapatilhas e sentindo a grama em seus pés. Por um segundo serrou os olhos e virou-se para tras. Ela perdeu algo que nao se lembra, e procurou por aquilo que nao queria.

Ela roubava sonhos e os plantava em jardins amarelos. Ela brincava sozinha sem sem importar. Mas ela tinha um recheio triste, e quer voltar.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Mundo dos Alfarrábios Perdidos - Parte 1

A historia que aqui lhes conto, possui um contexto um tanto peculiar, levando em conta que é necessário ter muita imaginaçao para absorve-la de maneira correta. Também o aconcelho a deixar de lado a lógica e até os bons costumes.


Tudo começou quando o pequeno Tom esqueceu de pegar seu livro de biologia no armário escolar. Era uma quinta-feira nublada, e a maioria dos estudantes estava mais sonolenta que o comum, deixando no ambiente um delicioso cheiro de Adormecimento, inclusive nosso personagem principal, que teve de voltar ao Corredor dos Armários, estava absorvendo cada vez mais o odor sonífero. Entretanto, Tom se surpreendeu ao observar que em seu armário, nenhum livro de biologia descansava, e resolveu olhar para os lados a procura de alguém tentando ludibriá-lo de alguma forma, mas nenhum estudante estava presente naquele momento, o que deixou Tom muito desconfiado.


O menino então, decidido a tomar medidas drásticas para encontrar seu livro, apoiou-se sobre o portal do pequeno armário escolar e pulou para dentro do aposento. A porta com senha logo se fechou, e Tom começou a cair, mas não para baixo, e sim para frente, como se o centro gravitacional estivesse no centro do armarinho. Logo, o menino ficou assustado, "está muito escuro para um armarinho de escola" pensou ele, mas lembrou-se que nunca esteve em um antes, e entao achou normal estar escuro. Foi quando, enquanto caía, Tom observou bem em frente, uma esfera de luz que parecia se ampliar a medida que avançava para o interior, e ficou feliz ao cair em um lago, não de agua, e sim de um emaranhado de luzes. Lá, não havia nenhum peixe, mas pontas de lápis que se perderam no Mundo do Armário (fora o nome que ele escolheu) e se multiplicaram no Lago Luminoso.


Tom então nadou em frente, até avistar terra firme. Quando pisou em uma grama muito fofa, se surpreendeu em não estar molhado, mas sem dar muita atençao, seguiu em frente, na direçao de um belo castelo vermelho.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Meu título sem nome

É vida de linha sinuosa, poema de verso sem rima, tédio.
É livro em branco, folheado por loucos drogados na busca de verdade.
Tira esses óculos da cara que a cegueira te ajuda a ver o óbvio que o álcool faz você esquecer.
Eu sou passado, vida morta, o ontem. Brindo com o futuro, me embebedo de passado. Da tua raiva tiro o meu mel, na música sólida vivo mais que vida, uma ilusão.
Freio nos becos, adoeço de saúde,
Toco pra frente, chuto a bola no teu gol.
Tudo é fraqueza.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Mosca

E nasce uma mosca.
Asas recém formadas batem apreensivas e desesperadas na debalde tentativa de um vôo menos turbulento, mais calmo. Um par de enormes olhos azuis multifacetados analisam o ambiente e o labelo tateia pela primeira vez o solo à procura de um local fértil para depositar futuros ovos. Meia dúzia de patas ainda inaptas para uma escalada posicionam o inseto horizontal e paralelo ao chão.
Uma espátula corta o ar e...
Morre uma mosca.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Morte e Sangue na Noite de Halloween

O TELEFONE tocou pela terceira vez na noite de Halloween, mas Samanta hesitou em atendê-lo, afinal, da última que o fez, recebeu um bom trote sobre um zumbi querendo “Arrancar suas tripas pelas orelhas”. Sendo assim, resolveu deixar o aparelho tocar incansavelmente até parar.

A menina de cabelos negros e lisos sentou-se entediada no sofá, apanhando uma das revistas de moda que, junto a uma imensa pilha de folhetos velhos, uma mesa de madeira empoeirada sobre um tapete bordô já mofado e um sofá marrom descascado, ajudava a acentuar o ar fantasmagórico que o lugar transmitia. Mas nada desses detalhes pitorescos pareciam incomodar Samanta, que folheava desatenta as páginas emboloradas.

O sino da igreja ao lado badalou doze vezes assustando a solitária menina na casa ao lado. Ela então jogou o que lia para o lado, prendeu seus longos cabelos em uma fita esbranquiçada e subiu as escadas de mogno, onde refletia a luz lunar que dava lugar às sombras dos arbustos lá fora. Ao chegar ao quarto, o telefone tocara novamente, mas, já acostumada com o tilintar do aparelho, ela não deu atenção e jogou-se sobre a cama, dormindo algumas horas.

Samanta então acordou e viu que ainda era de noite. Como não ouviu barulho de carro algum entrando na garagem de sua casa, percebeu que seus pais ainda não chegaram de viagem, e resolveu, para se distrair, ir à cozinha tomar um copo de água. Foi quando o principal motivo pela qual estou aqui lhes contando essa história aconteceu.

O telefone parara de tocar já fazia algumas horas, mas infelizmente a menina estava dormindo quando o “Triim” soou pela última vez. Então, o sujeito vestido de preto que ligava da cabine telefônica do outro lado da rua tomou por convencido que a menina da qual tentava conversar saíra amedrontado da casa, o que daria tempo suficiente para roubar os móveis e aparelhos da residência. Caso contrário, se ela ainda estivesse lá, não haveria problemas em degolá-la à luz do luar, em plena noite de Halloween.

Formaco saiu da cabine telefônica e decidiu começar seu plano de furtar a casa dos Ouriques, que após irritantes dias sem deixar a morada, resolveram viajar para o Miami, e tiveram a capacidade de deixar, em época de Halloween, a filha sozinha, mas não seria problema. Se tivesse que arrombar, arrombaria. Se tivesse que matar, mataria. Medo não era o maior problema àquela hora.

O homem retirou um canivete no bolso e girou com facilidade a faca metálica que usou para invadir a casa: estava dentro do aposento, na sala de jantar, para ser mais preciso.

Samanta, da cozinha, ouviu alguns barulhos vindos da porta da sala de jantar, mas imaginou que algumas crianças bateriam à porta na esperança de ganhar montanhas e montanhas de doces, mas esse ano quem receberia uma surpresa, seria ela.

Formaco caminhou até a sala de visitas, que ficava ao lado da cozinha. Sempre analisando o ambiente, observando tudo aquilo que levaria ou não, mas um barulho de louça tocando a pia o assustou. É claro que aquela ladainha de “não terei medo de matar se for preciso” soava mais real, quando ele imaginava não haver ninguém na casa, mas as coisas mudariam um pouco se a menina estivesse lá. Segurando firme o canivete na mão direita, ele observou a sombra de Samanta aproximar-se da porta, até que ela apagou a luz e saiu em direção à sala de visita.

Formaco viu que a garota passou por ele sem notar sua presença, mas apesar de sentir medo das conseqüências, esfaquearia e mataria a qualquer custo. O medo que brotava em cada gota de suor transformou-se em euforia. Uma lâmina corta o ar, um grito falho de dor, e uma menina jaze morta no chão. O sangue se espalha aos poucos pelo carpete bege, mas Formaco não mataria apenas com uma facada. Mesmo que já morta, o homem decidiu degolá-la e deixar o pulmão para fora do corpo que, agora virado para cima, deixaria os Ouriques petrificados de medo, susto e terror.

Aos poucos o sangue foi coagulando, mas a obra já estava completa. “Fora perfeito” pensou ele. Ninguém viu, ninguém ouviu e ninguém descobrirá que fora o antigo namorado de Samanta quem degolara e mutilara o corpo inteiro da filhinha do papai.

- Paralelo -

Em Miami, uma mulher bronzeada se enrolava na cama com o marido nu. Ambos gemiam e gritavam em um quarto de hotel, quando o telefone tocou:
- Sim – disse Cezar querendo passar uma voz de irritado por interromper um momento prazeroso com sua esposa.
- Desculpe-me, senhor, ligar uma hora dessas, mas um homem, dizendo ser seu vizinho, está na outra linha. Ele parece querer dar uma notícia ao senhor.
Cezar tampa o microfone do telefone e comenta com a mulher que o vizinho chato quer incomodar. A senhora Marta bufa irritada, e diz que nada é mais importante que o que faziam, mas o marido resolve descobrir o que é de tão extrema importância.
- Pode colocá-lo na linha – disse o Senhor Ouriques – acho que nem deveríamos ter dado o nosso telefone do hotel para o vizinho.
- Vamos logo com isso – miou Marta – ou então desisto de fazer aquilo.
- Só um minuto – respondeu ele sorrindo.
A voz no telefone falava apressada, Cezar virava o olho enquanto o vizinho falava, mas ao perceber do que se tratava, congelou. Sua voz emudeceu, o telefone escorregou da sua mão e sua esposa ficou curiosa. Ambos nem imaginavam o quanto erraram em deixar a filha sozinha em uma noite de Halloween.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Fim do Mal a Pior

O primeiro post desse blog falava sobre meu primeiro dia de aula. "De Mal a Pior" é o título e acho que hoje, no útimo dia de aula, eu posso conclui-lo corretamente.

O começo foi difícil. Muito difícil, pra ser sincero. Quase trinta dias onde eu me sentia deslocado socialmente. Não falava com ninguém, ninguém falava comigo, eu simplesmete criei um mundo dentro de mim, onde eu inventava tudo e restringia qualquer um que tentava entrar. Até imaginava que as pessoas agiam como eu agia pelo mesmo motivo, talvez elas não vinham falar comigo porque eu não ia falar com elas, ou vice-versa.

Mas o tempo passou, e para a minha felicidade, a época do menino novo, também. Uma pessoa ou outra veio conversar. Assuntos aleatórios, perguntavam sobre como é ter aula com a própria mãe, qual escola eu acabara de sair, se eu estava gostando da escola nova e pronto, minha lista de amigos foi crescendo. Fatos que nunca ocorreram na minha vida começaram a vir a tona, e pra falar a verdade, não foi algo tão ruim. Uma fuga da escola, um dente e um pé quebrado, primeiras recuperações, festa surpresa e minha primeira banda. Você pode estar pensando ser coisas pequenas e até irrelevantes, mas não pra mim.

Hoje, o último dia de aula, eu só digo uma palavra a toda a turma da segunda terceira: Obrigado. Eu nunca me esquecerei de pessoas como vocês, e com certeza estarei a disposição se algum dia precisarem de mim.

Sincera e literalmente, vocês mudaram minha vida.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Aleatórias4

Gire a caneta BIC entre os dedos. Como se fosse uma baqueta, passe do dedo mindinho para o médio, logo em seguida ao anelar, indicador e enfim termine segurando-a com o polegar. É bom para distrair. Pelo menos é o que Manoel fazia enquanto encarava o poster de uma banda norte-americana, colada atrás da porta do quarto.
O computador ligado, parecia desligado e inútil no momento. A imagem do plano de fundo insistia em ficar por tras de uma página da web, mas nem o teclado era tocado.
A caneta enfim pulara da mão do meinino e caira no chão. Manoel ficou observando-a por alguns instantes, até finalmente desistir. Imagine, se estava tediante para mim, que olhava a cena de um bom ângulo, imagine para o menino, que acomodava-se desageitado em cima de uma cadeira giratória!
Então, súbitamente sua mão direita foi até o mouse e a seta no computador começou a dançar inutil e irritantemente. Mas foi por apenas um momento, afinal, ele resolveu parar de gastar luz elétrica e enfim desligou o aparelho.
Girou 180° com a cadeira e levantou-se em um salto. Os livros desarrumados na pratelheira esbranquiçada o convidava a apanhar um deles e mergulhar no mundo da literatura, mas não, aquele momento não era próprio para um boa leitura.
Foi quando Manoel olhou esguio para a escrivaninha, e lá estava, o objeto retangular acompanhado de um fio que se dividia em dois, dando lugar a um par de fones: o iPod. Acho que ele se esqueceu que ganhara um desses de aniversário, e finalmente, o tédio passou quando nas duas orelhas um som alto de mais fazia o quarto do menino ficar mais agitado.

sábado, 4 de outubro de 2008

Mente Insana

A paisagem era repleta de cores. O azul marinho do oceano culminava com um céu vazio e claro e árvores muito verdes balançavam docemente com o leve soprar do vento enquanto pássaros amarelados brilhavam com a luz do sol alaranjado. Seria uma bela imagem se, para mim, tudo aquilo não fosse preto e branco.

Minha história começa com meus cinco anos de idade, o primeiro dia de aula. Em toda a criança, é claro, ainda havia um vínculo em fazer amizade com pessoas que nunca vira na vida e imagino que é preferível o esforço para tentar falar com os colegas a ficar sozinho e isolado em um mundo infantil. Geralmente, as pessoas preferem a primeira opção, e é claro que se eu pudesse, optaria por essa, mas infelizmente não pude fazer uma escolha.

As crianças estavam muito agitadas, correndo de um lado ao outro na inútil tentativa de pegar o amigo mais rápido. Sempre achei uma estupidez correr sem motivo atrás das pessoas, mas aceitaria, sem rodeios, entrar na brincadeira se alguém me convidasse.

A minha diversão naquele primeiro recreio era observar silenciosamente a diversão. Sentado em um banco afastado de todos, eu analisava os meus colegas de turma sorrirem e gritarem enquanto corriam. A única coisa que fazia, era balançar meus pés pendularmente, sentindo os cadarços do tênis roçarem o chão, enquanto os dedos da minha mão se mexiam involuntários e irritantemente na ilusão de deixar aquele “recreio” menos monótono.

As pessoas me rejeitaram. No meu primeiro dia de aula.

A imagem colorida reentrou em foco. Quase esqueci que estava sentado em um penhasco. Não havia ninguém por perto, mas isso não era novidade. Acostumei-me com a solidão há muito tempo. Inventava minhas próprias brincadeiras, inventei um mundo só meu. Aprendi a me divertir comigo mesmo.

Os anos se passaram desde o primeiro dia de aula. Me encontrava na sétima série, com treze anos repletos de momentos que desejava esquecer. “O estranho Pedro ainda não parou de falar sozinho” cochichavam os adolescentes, sem se importarem se Pedro ouvia ou não os comentários. Eu poderia matar todos eles. Uma chacina em plena luz do dia, um episódio que mancharia a reputação da escola, inclusive da cidade. Mas não, não levaria a nada tirar a vida daqueles robôs controlados pela moda, máquinas movidas pela alienação.

Ninguém também sentiria falta do “esquisito Pedro” se ele acidentalmente escorregasse do Penhasco do Olho Cego, o incrível ponto de encontro dos casais apaixonados. Eu, inclusive, nunca tive o prazer de penetrar em uma daquelas vadias da escola no famoso lugar público da cidade. Era estranho que ninguém estivesse lá.

Talvez as pessoas estivessem se escondendo atrás das árvores, observando os últimos minutos de vida do “menino-que-não-sabia-de-nada”.

(Créditos para Lara!)

Particularidades de Uma Vida Literária

A biblioteca descansava silenciosa na esquina agitada de uma cidade sul-americana. Seu exterior, já desfigurado devido ao tempo, colocava a mostra algumas marcas do vandalismo urbano, e parecia querer convidar a população a dar uma olhada nos seus milhares de livros centenários. As janelas de vidro fosco estavam bem cuidadas, inclusive pareciam ter sido trocadas recentemente. Algumas delas mostravam figuras embaraçadas de prateleiras antigas e monótonas, que tinham um gosto único e peculiar pela literatura. Uma bela rampa em forma de V levava os visitantes ao portão de entrada, que nos convidava a dar uma espiada nos três andares repletos de cultura.

Seu interior era tão desfragmentado, fisicamente, quanto seu exterior, mas algo muito bem conservado parecia estar guardado em cada livro de cada estante daquela enorme construção. Eles estavam à esquerda, à direita, em frente, à cima. Vários tipos de salas estavam espalhados pelo cômodo, e por mais que a aparência de todas ali fosse muito parecida, elas eram diferentes nos detalhes mais mínimos e necessários possíveis. Colunas de níquel avermelhadas margeavam e dividiam cada prateleira de seu assunto. Uma escada metálica nos conduzia a um andar dedicado à leitura e ao silêncio, quebrado apenas pelo folhear de páginas e pelo ranger de passos no piso revestido em madeira.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Aleatória3

Eram quatro janelas alinhadas. Uma senhora usando óculos grandes e uma rede vermelha sobre o cabelo, pregava algumas roupas no varal enquanto a menina da janela ao lado falava ao telefone e arrumava o cabelo ao mesmo tempo. Alguns minutos se passaram, e a menina moveu os lábios e contraiu a garganta, parecia chamar sua avó, talvez. A senhora parou de pregar as roupas e desapareceu pela sua janela, mas reapareceu logo em seguida na janela da menina, que agora murmurava alguma coisa sobre seu vestido. A senhora recuou e mediu sua neta com os olhos, fazendo um sinal de positivo com a cabeça e voltando à sua rotineira vida de "pregadora de roupas".


Depoimento de ''O Visinho do Quinto Andar''

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Aleatórias2

A lâmpada trêmula no poste não chamava a atenção dos carros que passavam. Era quase um pôr do sol, momento onde a luz dos faróis é fraca de mais se acesa, mas a claridade não é forte o suficiente para se enxergar. Mulheres caminham segurando a alça de suas bolsas presas ao ombro, fazendo o barulho de seus passos ecoar por entre a avenida. Enquanto isso, a maioria dos homens anda apressada olhando vez ou outra para o relógio de pulso.
Uma adolescente atravessa a rua correndo, sem a devida atenção, passando ao lado de uma senhora idosa, que espera pacientemente o semáforo trocar do verde para o vermelho.
O ônibus bi articulado passa em alta velocidade, quase furando o sinal, e leva alguns pedaços de papel embora.
Uma buzina de carro me desperta, lembrando-me que devo voltar para casa.

domingo, 22 de junho de 2008

Aleatórias1

John passou no fast food apenas para apanhar um cheeseburger, mas algo a mais aconteceu.
- Um cheeseburger, por favor.
- Apenas o cheeseburger, senhor? Não gostaria de algo para beber?
- Ah, claro. Uma Coca-Cola também.
- Ok. R$ 4, 50.
John entrega uma nota de dez reais e aguarda o troco.
- Teria uma moeda de cinqënta centavos? - pergunta o atendente.
- Um minuto - disse John. Abriu a carteira e sacou a única moeda - aqui está.
Após receber o troco, teve que esperar alguns minutos para o lanche ser entregue, afinal era feriado e muitas pessoas resolveram parar para comer um Burger-King.
- Cheeseburger com Coca média?
- É, acho que é o meu. Obrigado - respondeu pegando a bandeja.
John ja havia visto uma mesa vazia, mas esta fora ocupada por um homem, vestido com uma camiseta de time, acompanhado de outros dois homems e uma menininha loira. Porém, a mesa atras a deles estava vaga. Sendo assim, foi até lá.
Sentando-se, um adolescente apareceu e apoiou uma mochila de mão. Abriu-a e retirou uma agenda e uma caneta.
- Só um minuto, só quero um autógrafo - disse o menino.
John achou que era algum tipo de piada, mordeu o seu sanduiche e o engoliu.
- Ah, está bem então - disse John orgulhoso.
O homem estava pegando a agenda e a caneta, quando o menino, sem entender, perguntou:
- Desculpe senhor, mas o que está fazendo?
- Você não me pediu um altógrafo? - disse John estranhando mais ainda.
- Não, estava apenas pegando minha agenda e minha caneta para ele autografar - respondeu o menino apontando para o cara, na mesa da frente, vestido com a camisa de time - ele é jogador de futebol.
- Ah, desculpe, achei que... Bem, me desculpe - corou.
- Sem problemas, obrigado -disse o garoto recolhendo seu material e se dirigindo a cadeira da frente.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Saudade e Felipe

Os pequenos sinos dançaram acima da porta, da lojinha de doces, quando ela fora aberta. Um menino não muito magro se assustara com a carinhosa senhora que sorria, e não entendeu o por quê dela falar com ele.
-Olá. Me chamo Saudade - disse a senhora de bégie sentada à cadeira.
-Boa tarde, me chamo Felipe - disse o menino.
A moça de cabelos brancos fitou Felipe nos olhos, sem parar de sorrir.
-Não se sinta mal por deixar o passado para traz, disse ela.
Sem entender, o menino tirou um doce do pacotinho e colocou-o na boca. Saudade, agora havia desviado o olhar e observava uma folha seca caindo de uma bela árvore outonal.
-Desculpe, mas não compreendo - disse Felipe ao terminar de comer o doce.
-Não precisa realmente entender, apenas escute: é preciso fazer alguns sacrifícios, deixar algumas coisas para traz. Porém, é necessário lembrar-se daquilo que ainda valhe a pena - continuou Saudade voltando a olhá-lo.
Felipe tentou entender a pequena "lição de moral" e perebeu que aquilo era designado, especialmente, a ele. Sentando-se no chão, Felipe escutava cada palavra da senhora com muita atenção.
-O que quero dizer - continuou ela - é que conheço sua vida. Não se espante, mas sei o que aconteceu nos dois verões do ano passado, e compreendo a falta que sente da sua "família".
-Como sabe?
Saudade não respondeu.
O menino mudou seu olhar. Agora observava os doces, e sentiu uma pontada de sentimento no seu peito. Nostalgia era o nome apropriado, por enquanto.
Os três pequenos chicletes parados no pacote de doces transformaram-se em três rostos felizes. O sentimento mudara. Ao perceber, Felipe entendeu. Voltou a olhar a senhora sentada a cadeira.

Saudade sorria, agora.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

De mal a pior

Cada um tem seu ponto de vista quando o assunto é o primeiro dia de aula. Os revoltados pensam tudo ser alegre de mais, os nativistas chegam atrasados e não entendem o motivo da professora tê-los deixado entrar em sala de aula. As patis só estão afim de mostrar a nova escova definitiva, as unhas vermelhas e os cadernos aveludados em rosa pink. Temos os viciados em esportes e também o meu ponto de vista.
Na verdade, ficou diferente esse ano. Escola nova, uniforme novo e pessoas novas. Já estava acostumado com o alvoroço da escola antiga, as pessoas estrapolando na boiolagem de sempre, a matação de saudaes e aquilo de "ela engordou mesmo". Mas como as coisas mudaram, minha idéia de primeiro dia de aula nao é mais a mesma, pelo menos esse ano.
Só o fato de chegar na escola não foi o dos melhores. Primeiro eu não sabia o número da minha turma, não conhecia ninguém para conversar, falar mal, como foram as férias e tudo aquilo, e tirando o fato de que minha mãe seria minha professora, a coisas até que se sairam bem.
Ao entrar na sala de aula, as coisas passaram de ruins para algo pior. De início achei que ia ser invisível, ninguém olharia para mim e eu não olharia pra ninguém. Mas, infelizmente, estava errado. Era como se estivesse andando pelado no meio da classe. Parecia que havia feito alguma coisa errada. Por que estavam me olhando? Bem, fiz como se não estivesse prestando atenção, me isolei numa carteira no fundão, ouvi música até o professor entrar. E realmente até o professor entrar, porque a primeira bronca do ano foi exatamente para mim, por "estar ouvindo música fora de hora".
Quando pensava que nada mais iria piorar, estava errado, de novo. O querido professor que sem me conhecer me olhava com aqueles olhos de se-abrir-a-boca-te-tiro-de-sala, perguntou quem era novo na turma. Sim, eu fui o único que levantou a mão, e sim, as pessoas cochicharam umas com as outras enquanto eu ficava vermelho e via o professor me olhar com uma cara de acabou-de-se-ferrar.
Tudo bem, que depois disso não aconteceu mais nada mesmo, mas temos o segundo, o terceiro, o quarto e o quinto dia de aula para falarmos.
Não que tudo tenha sido horrivel como o Primeiro Dia, exceto o segundo, que foi pior que o primeiro. Mas depois fiz alguns amigos e tudo já passou de -50 para 0. É alguma coisa não?